
Necrochorume: O que é e como impacta o meio ambiente?

Imagine um líquido viscoso, com um odor que lembra podridão, infiltrando-se silenciosamente no solo de um cemitério. Esse é o necrochorume, um subproduto da decomposição humana que, embora pouco discutido, carrega sérias implicações ambientais e sanitárias.
Trabalhando com questões de sustentabilidade, percebemos como a falta de atenção a esse líquido pode afetar comunidades inteiras. Vamos entender o que é esse material, seus efeitos e como lidar com ele.
O que é necrochorume e como ele se forma?
Necrochorume é o líquido resultante da decomposição de corpos em cemitérios. Ele surge durante a fase de putrefação, quando enzimas do próprio corpo (autólise) e microrganismos, como bactérias e vírus, quebram tecidos orgânicos.
Composto por cerca de 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas, como putrescina e cadaverina, esse fluido tem uma aparência castanho-acinzentada e um cheiro forte, muitas vezes descrito como nauseante. A formação começa cerca de seis meses após o sepultamento e pode durar anos, dependendo do clima, tipo de solo e profundidade da cova.
Por que isso acontece? O corpo humano, rico em água e matéria orgânica, é um banquete para microrganismos. Quando a chuva ou a umidade do solo entra em contato com os restos mortais, acelera a liberação desse líquido, que pode carregar patógenos perigosos.
Em cemitérios mal planejados, esse processo é ainda mais problemático, já que o fluido pode vazar para o solo e lençóis freáticos.
Qual a diferença entre cemitério e crematório?Impactos ambientais do necrochorume

O que o necrochorume pode causar? A resposta é preocupante. Esse líquido é um poluente potente, capaz de contaminar solo e água subterrânea com nitratos, fosfatos, metais pesados e microrganismos patogênicos.
Quando atinge aquíferos, pode comprometer poços e fontes de água potável, especialmente em comunidades que dependem de poços rasos. Estudos apontam que 75% dos cemitérios brasileiros têm problemas sanitários, como solos inadequados ou proximidade com áreas residenciais, agravando o risco de contaminação.
Impacto | Descrição | Risco associado |
---|---|---|
Contaminação do solo | Infiltração de substâncias tóxicas como putrescina e cadaverina | Degradação da qualidade do solo |
Poluição de aquíferos | Necrochorume atinge lençóis freáticos, contaminando água subterrânea | Doenças como hepatite A e febre tifoide |
Emissão de gases | Liberação de metano e outros gases durante a decomposição | Maus odores e impacto na qualidade do ar |
Atração de vetores | Presença de roedores e insetos devido ao odor forte | Transmissão de doenças |
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1998, alertou sobre os riscos de cemitérios para a saúde pública, e no Brasil, a Resolução CONAMA 335/2003 exige licenciamento ambiental para mitigar esses impactos. Ainda assim, muitos cemitérios antigos não seguem essas normas, o que amplifica o problema.
Qual é o cheiro do necrochorume e por que ele é tão forte?
O cheiro do necrochorume é uma característica marcante. Descrito como um odor fétido, que remete a carne em decomposição, ele é causado por compostos como putrescina e cadaverina, liberados durante a putrefação.
Esses compostos são subprodutos naturais da quebra de proteínas e têm um impacto sensorial imediato, muitas vezes causando náuseas. Esse odor não apenas incomoda, mas também atrai vetores como ratos e moscas, aumentando o risco sanitário.
Por que o cheiro é tão persistente? A resposta está na composição química do líquido, que combina alta carga orgânica com bactérias anaeróbias. Solos argilosos, comuns em muitas regiões brasileiras, retêm melhor o líquido, mas solos arenosos permitem maior infiltração, espalhando o odor e os poluentes.
Quais são os valores para serviços funerários?Quantidade e duração do necrochorume
Quantos litros de necrochorume um corpo produz? Estima-se que um cadáver humano gere entre 30 e 40 litros desse líquido nos primeiros seis meses, mas, em condições específicas, como solos úmidos ou climas tropicais, a produção pode chegar a 600 litros por quilograma de peso corporal ao longo de 5 a 10 anos. A duração do processo depende de fatores como:
- Clima: Ambientes quentes e úmidos, como no Brasil, aceleram a decomposição.
- Tipo de solo: Solos arenosos favore “‘A duração do necrochorume pode variar muito’, explica o engenheiro ambiental Victor Silvestre. ‘Em solos úmidos, o processo pode se estender por uma década’.”
Quanto tempo dura o necrochorume? O líquido continua sendo liberado enquanto houver matéria orgânica para decompor, o que pode levar de 2 a 10 anos. Em cemitérios com alta densidade de sepultamentos, como durante a pandemia de Covid-19, o volume acumulado pode atingir níveis críticos em pouco tempo, sobrecarregando o meio ambiente.
Soluções para mitigar os riscos do necrochorume
Tem muitas bactérias no cemitério? Sim, e muitas delas são patogênicas, capazes de causar doenças como tétano, cólera e hepatite. Felizmente, há soluções para reduzir os impactos do necrochorume. Algumas tecnologias modernas incluem:
- Filtros biológicos: Utilizam materiais porosos, como cascalho, para degradar o líquido.
- Mantas absorventes: Transformam o necrochorume em gel, evitando infiltração.
- Crematórios: A cremação é a opção mais sustentável, eliminando a produção de necrochorume.
- Drenagem eficiente: Sistemas que captam e tratam o líquido antes que ele contamine o solo.
Algumas ONGs ambientais, conseguem fazer a implementação de mantas absorventes em cemitérios o que reduz significativamente o odor e os riscos de contaminação. Além disso, a cremação ganha popularidade em áreas urbanas, onde o espaço é limitado e a sustentabilidade é prioridade. No entanto, questões culturais e religiosas ainda limitam sua adoção em algumas comunidades.
Solução | Vantagem | Desafio |
---|---|---|
Filtros biológicos | Degradação natural do necrochorume | Custo de instalação |
Mantas absorventes | Retenção do líquido, evitando infiltração | Necessidade de substituição periódica |
Cremação | Elimina produção de necrochorume | Resistência cultural |
Drenagem profunda | Redireciona o líquido para tratamento | Alto custo de infraestrutura |
O futuro da gestão de cemitérios
Com o aumento de mortes durante eventos como a pandemia, o tema do necrochorume ganhou urgência. Cidades como São Paulo e Manaus já enfrentam desafios com o volume elevado de sepultamentos.
A solução passa por planejamento urbano, tecnologias inovadoras e conscientização pública. Como metáfora, pense nos cemitérios como guardiões silenciosos da memória, mas que, sem cuidado, podem se tornar vilões ambientais.
O que é um cemitério vertical?Em Serviços e produtos funerários temos diversos artigos sobre este tema.
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